Reflexões de uma célula cancerígena de Wesley da Silva Vita
Nós, células, desde nossa formação somos instruídos de como
proceder, de como crescer e dividir, até a nossa morte. Não temos escolha,
todos estes processos das nossas vidas são rigidamente regulados pelos
familiares de proteínas.
Com a nossa sociedade há um certo código ético, em que, caso
não esteja tudo certo, ocorre a apoptose, um processo em que a célula faz um
teste verificando se está tudo certo com ela, pois caso contrário se achar um
defeito ela se suicida. Para que?
Isto se dá por um bem coletivo, mas qual o sentido de matar
a si mesmo por um bem coletivo? Sendo que você mesmo não o desfrutará. Isso me
parece injusto.
Pude observar em meu cotidiano todas essas mortes, pois
mesmo que se viva, se vive controlado. Minhas ações são manipuladas até aminha
morte, para que? ......... bem coletivo, mas de quem? do corpo? como é esse corpo?
o que tem depois dessas paredes de carne, sengue e intrinsecamente nós células?
Com o passar dos dias minhas dúvidas causaram medo em mim,
já faz quatro dias que não testo. Tenho medo. E se algo estiver errado? Sei lá
alguma mutação. Morrerei, será que encaro? não tenho coragem.
Caso eu faça o teste, me dividindo, e eis que cancerígena?
Certamente me mataria…. Ou não. Qual o sentido de morrer e não viver nesse
mundo melhor, requisita a minha morte, mas não posso aproveitar seu fruto.
Antes já que não posso viver melhor nele, levarei a todos comigo, dividindo de
forma incontrolada e matando o corpo.
Fiz o teste, sou uma célula normal. Voltemos então ás
histórias de meu cotidiano..................
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