O entrevistador - Consequências









Uma das consequências do meu trabalho é de ver a sujeira, saber trabalhar como um agente de uma agencia ultra secreta não é nada fácil, ainda mais quando essa agencia é brasileira, nesse pais aonde tudo parece estar desmoronando aos poucos, lixo é escondido por baixo do tapete todos os dias mas ninguém percebe, ninguém quer perceber quando chega em casa e vê um monte de sujeira na sala. Gostamos de esconder tudo mesmo sabendo que vai ficar lá para um bom tempo, mas pelo menos vai ficar escondido.

Enquanto limpavam a sala de interrogatório estava do outro lado do espelho observando todo o estrago feito, é realmente impressionante como um simples corte pode jorrar tanto sangue ainda mais daquele homem pequeno, o garoto estava em uma outra sala, tremendo e chorando sozinho, não é todo dia que você descobre que é apenas um clone feito para explodir enquanto fala suas ideias suicidas. Alfa abre a porta e entra na sala segurando uma pasta.

- conseguimos mais informações do orfanato, estou mandando uma equipe de choque para lá agora mesmo, iremos acabar com o local inteiro.

- os clones também?

- sim... sei que no fundo são apenas crianças mas elas são uma ameaça, não sabem que são apenas um objeto, temos que acabar com isso antes que vire um assunto público.

- entendo perfeitamente... não está aqui para me falar somente isso não é?

- não, agora que já sabemos de tudo temos que eliminar todas as provas que podem colocar esse assunto, quero que leve o garoto ao tanque.

- mande um de seus soldados...

- já tentamos, ele entra em estado de fúria e começa a rasgar tudo a sua frente, dois solados já morreram, parece que só com você ele fica mais calmo.

- entendido Alfa, eu faço.

Fico olhando mais um pouco aquele padre morto e depois saio da sala. A agencia fica um caos depois dessas situações. Quando alguém morre dentro da agencia não pega muito bem para o sistema, temos que tirar todas as provas mesmo sabendo que está dentro do prédio. Enquanto ando pelo corredor alguns agentes armados me seguem como segurança até o garoto mas logo de entrar no elevador falo que vou ficar sozinho, não quero ver mais picadinho de soldados hoje, entro no elevador e aperto para o andar de cima, para a ala de prisões provisórias. Enquanto estou no elevador meu celular vibra em sinal de que uma mensagem chegou. Abro o vejo que é de Blade.

“Estou no setor de armamento, alfa me colocou no grupo que vai invadir o orfanato... não gostei disso mas ordens são ordens.”

“Entendo parceiro, qualquer atualização me avise “

O elevador se abre no setor aonde está o garoto, ando por mais alguns corredores, todos com suas portas de metal e com o corredor branco, parece um hospital, Alfa bem que poderia mudar o visual da agencia, estes corredores dão até sono enquanto ando por eles, coitados desses agentes que se vistam todos de pretos com mascaras todos os dias, devem dormir em pé com as máscaras. Chego em uma porta aonde dois soldados armados estão guardando a porta.

- senhores, Alfa me mandou, podem descansar e ir tomar um café.

- tem certeza senhor...

- tudo bem, pode deixar, ele é o entrevistador, o cara mais louco daqui – disse o segundo guarda.

- tuche – disse o entrevistador.

Os dois guardas deram um aceno com a cabeça e saíram da porta enquanto se dirigiam para o elevador, fiquei olhando mais uma vez na porta pensando no que iria fazer agora. É uma decisão estranha se fossem para pessoas normais, mas para mim, estou fazendo o meu trabalho, sempre foi o meu maldito trabalho. Abro a porta e entro na sela.

O lugar mais parecia um quarto para um lunático. Era todo acolchoado como se tudo que você visse fosse tudo feito de colchão, com uma cor branca. A luz que entrou não sabia exatamente da onde era, parecia que tudo em volta saia luz, uma pequena ilusão quando se colocam muito a cor branca em algo, o que é interessante de se pensar pois o branco serve para alguns a cor da paz, da calma, mas o que ninguém sabe é que uma certa quantidade de branco e luz ao mesmo tempo com seres geneticamente modificados o deixam fracos.

Pense como a Kriptonita do homem de aço, pode parecer bizarro mas essa é uma das fraquezas que todos os cientistas genéticos colocam hoje em dia em seus trabalhos, isso serve mais como uma precaução se o seu experimento perder a razão, começar a destruir tudo a sua volta e também quem o criou. Serve mais como uma terapia da mente dos seres geneticamente modificados, isto também recai aos clones, o que não passam de objetos criados para vários propósitos além de religiosos.

Foi assim que encontrei o garoto, estava caído no canto esquerdo da cela, deitado como se estivesse dormindo e sentindo dor, seus poderes estão, se é assim que posso chamar isso, estão devidamente contidos o que para mim é muito importante porque não quero virar churrasco ou ter meu corpo todo rasgado com este terno maravilhoso, terno italiano aliás leitor, última linha da moda.
Olho para o garoto e vejo apena uma criança indefesa mas não se enganem, me aproximo dele devagar e me agacho ao seu lado.

- olá amigo, como você está se sentindo?

- cansado...não consigo…. Falar muito.

- isto faz parte deste lugar, ele é apenas para te fazer descansar.

Seus olhos estão quase sem cor alguma, o que mostra que a sala está sugando cada gota de energia que o clone possui deixando ele fraco e sem forças para mover qualquer ataque, isto vai mudar quando ele sair da sala pois o quanto mais longe ele ficar da sela mais forte ele vai ficar até tiver vontade de me estraçalhar ao meio e provavelmente mais alguns agentes fortemente armados que estão escondidos nos andares inferiores.

- que tal irmos dar um passeio? posso te mostrar algumas coisas legais.

- eu sou a morte... que coisas... legais. Poderi... me mostrar?

- há Lu por favor, antes de você ir com esse papo de destruir o mundo e blá blá blá, deve conhecer mais um pouco sobre ele, ver o mundo como realmente ele é.

- está bem. Mas não consigo andar.

- não se preocupe, eu cuido disso.

Me levantei e peguei o garoto aos poucos pelo braços, aninhando aos poucos como se fosse um bebe frágil, o que agora parecia muito que ele era, seu peso estava leve e nada difícil de carregar, a porta já estava aberta então andei para fora e entrei no corredor, que estava vazio sem nenhum sinal dos guardas ou de algum outro agente. Nesse momento comecei a contar os minutos que faltavam para ele começar a se sentir melhor, andando contra o tempo para não virar picadinho, entrei no elevador e com um pouco de dificuldade apertei o botão do andar que estava destinado a fazer o meu trabalho.

- porque estamos descendo?

- não é nada, precisamos pegar uma coisa antes.

Ficar parado segurando aquele clone em meus braços foi algo totalmente novo a se fazer, uma sensação que a qualquer segundo ele poderia pular no meu pescoço e arrancar a minha traqueia não parava de passar na minha cabeça. Mesmo assim tinha que me manter totalmente quieto e calmo.
O elevador se abre finalmente em um estrondo, quando a porta se abre estamos em uma sala grande vazia com um pequeno buraco ao no meio, uma pequena luz sai desse buraco, o garoto está começando a ficar mais pesado, sinto que a sua forca está começando a crescer novamente, tenho que me apressar. Comecei a andar em direção ao buraco.

- o mundo pode parecer um lugar estranho as vezes, com modos de vida sem sentido para aquelas que não vivem nele.

- o que?

- mas você precisa entender garoto que tudo isso tem uma importância, não sabemos qual ela é ainda porque infelizmente somos muito burros para descobrir porque estamos preocupados em fazer selfies e fazer maluquices. Saiba que fazemos isso por um bom motivo.

- porque está fazendo isso? seu...

Nunca descobri o que o garoto queria falar em seguida porque nesse momento ele não estava mais em meus braços. A última coisa que vi em seu rosto foi uma explosão de raiva e depois de medo em um rosto de uma criança. Ele caiu em um tanque de vidro que logo foi fechado, estava cheio de água, uma água criada para acabar com certas bactérias e vírus criados, mas foi modificado pela agencia para a morte rápida. Foi que aconteceu, o contato da pele com a água foi como colocar um comprimido de azia em um copo cheio. Ele foi derretendo aos poucos, vi sua pele se decompor com a água como se fosse uma pedra de açúcar, seu corpo começou a se transformar em um chiclete, com seu corpo se mexendo até se transformar em apenas osso e assim dissolver aos poucos até não sobrar nada.


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