O entrevistador - .I.B.A.P.
Um tempo nublado se estendia por toda a cidade de limeira,
seus prédios grandes e modernos não deixavam o pouco de luz que existia passar
com seu prédios de mega corporações ou prédios que foram abandonados, deixando
eles apodrecerem aos poucos, construindo um ar de uma cidade decadente mas em
evolução. Esse é o ar de todas as cidades, sempre com um ar de mudança, uma
revolução que nunca começa, sempre se prometendo, com o seu discurso de
mudanças que irão mudar a cidade para sempre, mas sabemos que isso nunca vai acontecer,
a população dessa cidade se acostumou tanto com discursos falsos que não
acreditam mais que um homem apenas vai mudar o lugar que vivemos, são somente
palavras que saem de uma boca e ficam flutuando pelo ar para sempre sem achar
alguém para sugar e pensar com elas.
Nesta cidade que estava dirigindo meu incrível carro
italiano. Não vou falar tanto mais do meu carro, meu precioso carro, meu Romeo...
bem estávamos andando, eu e meu parceiro blade pelas ruas da cidade a caminho
para interrogar nosso próximo alvo. Estava um pouco ansioso, não é todo dia que
se pode interrogar ninguém menos do que o próprio filho do diabo. Falar com ele
cara a cara sobre a humanidade e como vai ser o seu plano para acabar com a
humanidade de uma vez por todas, o que acho fascinante se eu não fosse um dos
humanos que vive nela.
Paramos em um semáforo enquanto a música terminava, enquanto
as pessoas atravessavam a rua, várias pessoas de diferentes formas e cores, com
suas roupas coloridas e extravagantes, outros com roupas mais simples como uma
simples camisa. Duas garotas adolescentes que aparentavam ter seus 16 e 18 anos
passaram olhando diretamente para o carro e para mim e blade, com certeza
pensaram o quanto somos dois milionários andando nesse fabuloso carro italiano.
Aproveitei para mudar a estação do rádio até parar em um jornal.
”E de acordo com o centro de ajuda, os micróbios não se
espalharam por todo aquele bebe... voltamos agora para a notícia do dia , mais
um corpo foi achado no centro da cidade na rua 27 , este já é a oitava vítima
deste assassino profissional , o defunto foi achado com a boca rasgada sem a
língua e o seu sexo arrancado, a polícia divulgou uma nota que constando que o
assassino parece saber os lugares certos aonde encontrar a sua vítima , então
para terem cuidado em andar durante as noites de sexta feira sozinhos no meio
da madrugada, ainda não foram liberadas mais informações da investigação de
quem poderia ter assassinado o homem , seu nome e sua idade não foram
divulgados, há boatos de que poderia ser uma mulher mais ain.........
- esse maldito ainda não foi achado, a polícia não está
fazendo a porra do seu trabalho direito- disse blade.
- interessante o
assassino retirar o pênis e a língua em todas as vítimas, poderia ser uma influência
de algum trauma de infância- disse entrevistador.
- como ver os pais
transando ou...
- sim...
Ficamos nos encarando até o sinal abrir, deu a marcha no
carro e fomos com o carro em direção à avenida central, ela liga praticamente
todas as ruas principais da cidade, facilitando o acesso para os prédio
importantes da cidade. Como a agencia. Chegamos em um prédio todo feito de vidro,
o seu topo parecia uma ponta de lápis bem apontada, o grafite era uma antena
que crescia e quase tocava no céu, bem vindos ao.I.B.A.P., mais conhecidos pelos
mais velhos agentes da agencia como intervenção brasileira de atividades
paranormais. Criado em 1946 depois que o mundo viu o quanto o poder daquilo que
não conhecemos pode fazer com um povo inteiro, os governos mais poderosos se
juntaram a criaram um setor mundial aonde investigam casos que não podem ser
descobertos pela população, exorcismos, cultos, intervenções divinas, Aliens e experiências,
tudo passa por este setor.
O Brasil rapidamente como outros países da época viram o
poder que essa organização poderia fazer, então criaram suas próprias agencias
dentro de seu território servindo como um extensão criada pelo setor mundial
depois da guerra, o que depois para despistar pessoas interesseiras mudou de
nome para ONU. Desde então somos sombras que atuam para a humanidade. Ou pelo
menos o que restou dela depois da queda da nevoa da realidade.
Entramos pela entrada do estacionamento localizada a
esquerda do prédio, paramos o carro em uma guarita aonde um interfone falou em
uma voz metálica.
“Nada que um copo de limonada para se refrescar nesse calor
não é senhor?”
- não lhe garanto, o sol cobre mais que a pele – disse o
entrevistador.
A barra logo se levantou e o chão a sua frente começou a
cair para dentro, como se uma porta secreta se abrisse no chão, o Romeo spider
entrou nessa passagem e a porta logo voltou a se fechar. Agora estávamos em um
corredor bem iluminado cheio de luzes led no teto junto com fios de
eletricidade, o chão era de placas de metal, logo chegaram ao final do corredor
aonde entraram em outro estacionamento mas esse mais moderno e cuidado do que o
anterior de cima, após algumas manobras no carro para achar uma vaga, manobramos
o carro e paramos em uma vaga.
- você já sentiu a diferença entre um evangélico e católico?
– disse blade – falam de um deus, cada um com o seu modo de pensamento, críticas
e regras mas no fundo é o mesmo deus.
- o conceito de deus possui muitos significados atualmente
senhor, alguns pensam em uma coisa outros pensam de outro jeito mas no final é
sempre a mesma ladainha – disse entrevistador.
- qual?
- o controle, controle uma massa com promessas que você terá
ela em suas mãos.
- você é ateu entrevistador?
- ateu é um conceito muito forte, prefiro mais um observador,
o conceito de religião para mim não passa de uma ideia, uma forca que move as
pessoas de uma forma que nenhum marketing de televisão nunca vai conseguir.
Poderia sim ter existido alguém que se chamou jesus, buda. Poderiam até ter
poderes que a humanidade nunca viu. Ou foram simplesmente homens políticos de
sua época usando o desconhecido para si próprio. Só não me abraço em uma ideia
que me transforme em um fantoche.
- a forma como você pensa é interessante.
- eu sei, as freiras que uma vez riram de mim também
disseram isso.
Uma bela história por assim dizer. Mas contarei ela depois,
saímos do carro, andamos pelas fileiras de carros até chegarmos ao elevador,
apertamos o botão, ele logo se abriu e entramos, o elevador era grande, todo
cor dourado com decoração de círculos em todos os lugres, seja lá quem foi que
criou este elevador provavelmente estava bêbado ou não tinha dinheiro para
comprar uma decoração mais bonita e limpa. Apertei o número 79 nos botões
fechando em seguida a porta do elevador. Fiquei lado a lado de blade enquanto olhávamos
a porta e sentíamos a força do elevador subindo.
- será que ele tem chifres?
- provavelmente não, chifres são a ideia criada pelo
folclore para vender uma ideia do mal e não, vermelho também não.
- como sabe?
- porque se ele fosse vermelho não estaria em um orfanato desde
criança, já estaria morto e enterrado pelas freiras.
- mas as freiras não iriam fazer isso,teriam piedade.
- meu amigo, um ser humano devoto faz qualquer coisa pela
sua ideia.
A porta do elevador se abriu e deram de cara com dois
soldados fortemente armados, vestiam toda a roupa de preto com uma máscara
colada na face, só viam um buraco na boca e algo que parecia ser o formato de olhos,
facilitando para os soldados enxergarem junto de toda essa roupa preta. O
entrevistador e blade saíram do elevador e deram passagem aos soldados. Andaram
em alguns corredores até chegarem em um amplo com uns 15 metros, nesse corredor
tinha soldados em posição de guarda por todo o corredor, foi ai que percebi que
a coisa era séria mesmo, tínhamos finalmente a achado o filho de Lúcifer e ele
estava perdido nesse mundo.
Enquanto andávamos no corredor vi três pessoas, a comandante
Alfa, ela é basicamente a dona de tudo por aqui, uma bela mulher se posso lhes
dizer, uma altura média, seios fartos, branca e longos cabelos ruivos presos
sempre presos por dois palitos negros, sempre tinha uma face seria e rígida
como se esperasse que a qualquer momento uma bomba fosse jogada nela. Ao seu
lado estava um padre, um homem pequeno, branco, careca parece que tem a idade
para ser meu avô, possuía uma cara doce a amor em seus olhos, mas isso todos os
padres tem. Por último um homem também com uma roupa parecida com o dos
soldados mas sem a máscara, este é o chefe de segurança titã, ele se chama
assim pois é um homem com 1,87 de altura, cabelos curtos e já um pouco brancos,
mas não se engane, ele ainda consegue matar vinte pessoas apenas com um lápis.
- entrevistador, finalmente chegou, é bom telo novamente –
disse Alfa
- então esse é o homem que estávamos esperando, espero que
seja o certo senhora, com todas essas roupa vermelhas não vejo muito.
- perdão padre mas posso lhe assegurar que sou o mais
qualificado para esse trabalho – disse entrevistador.
- temos algumas horas ainda com o garoto, não vamos perder tempo,
quero que vocês dois o interroguem imediatamente.
- espera, o garoto?
- a face do mal possuí muitas formas – disse o padre.
Alfa então explicou o que teríamos que fazer. Descobri aonde
estão os outros seguidores do garoto, porque ele está diretamente em um
orfanato no Brasil, qual o seu plano e entender a sua história e porque está
aqui. Ela iria observar da sala ao lado pelo espelho toda a entrevista, junto
com o padre e o chefe de segurança, qualquer tentativa de tentar escapar a sala
seria emundada com agua benta, matando instantaneamente o garoto. Pelo menos em
teoria. Enquanto iam para a sala ao lado eu e blade ficamos olhando para a
porta em nossa frente, iriamos finalmente olhar para o príncipe que iria
destruir em algum dia todo o planeta, não que ele já não estivesse mais fodido
que já está, tudo pode piorar mais ainda não é?.
- então qual será o plano, policial bom e policial mau? -
disse blade.
- sabemos que isso não funciona, além do mais ele é um ser
que sabe como a falsidade funciona, saberia que estamos fazendo isso.
- então no modo clássico então?
- no modo clássico – disse entrevistador abrindo um sorriso.
Abriram a porta, primeiro blade entrou na frente depois fui
em seguida. O que vi foi muito interessante no começo. Como um ser demoníaco
pode se misturar em um corpo tão frágil de um garotinho? A sala era um local de interrogatório comum
como todos os outros que provavelmente você já viu em todos os filmes de
policiais ou series de televisão por ai. A cor das paredes eram de tijolos cinza,
ao lado esquerdo tinha um enorme janela de vidro escuro que alfa e os outros
estavam observando do outro lado, uma lâmpada em cima era a única coisa que
iluminava a sala inteira. Em baixo dessa lâmpada havia uma mesa de metal com
duas cadeiras em nossa direção e uma do outro lado que estava sentado o nosso
alvo de hoje.
Olhando para ele você não iria imaginar que era um demônio.
Era um garotinho magrelo que aparentava ter seus onze ou nove anos de idade,
tinha o cabelo curto, um rosto que perecia estar com medo. Vestia uma camisa de
um filme famoso, esses de super. heróis, mas o que o entregava eram os seus
olhos, eram todos vermelhos, não tinha a parte branca, eram todo de um vermelho
sangue, parecia que alguém deu um soco em seus olhos e se encheram de sangue,
pensei que ele era cego mas logo percebi que não pois seus olhos de sangue nos
seguiram enquanto fechava a porta e me dirigia a mesa. Quando nos dois sentamos
o silencio foi tomado por toda a sala.
Fiquei observando aquele monstrinho, parecia tão frágil mas
não conseguia se enganar com esses olhos de jujuba. Ele ficou olhando
diretamente para mim, percebendo meu cabelo, minhas roupas até que deu um
pequeno sorriso de lado.
- percebo que gostou do meu traje.
- sim, é um terno muito bonito.
A voz do garoto era de um tom infantil mas ao mesmo tempo
parecia mais uma voz falando junto com ele, algo que saia junto lá no fundo de
sua garganta, era uma voz fraca mas consegui ouvi-la em atraso quando o garoto
terminou a frase. Como uma dublagem mal feita.
- você sabe o porquê está aqui?
- sim, vocês tem medo do que é entranho e novo, não os culpo
por isso.
- estou aqui apenas para fazer algumas perguntas e nada
mais, vamos ser justos e tudo acabara bem.
- porque fala assim tão grosso com uma simples criança?.
- vamos ser francos, todo mundo aqui sabe quem você é, então
seu teatro de criança indefesa não vai funcionar comigo. Está vendo esses dutos
em cima de você, eles estão carregados com uma agua que você não vai gostar muito,
então tente fazer algo de errado aqui dentro que com apenas um botão vou adorar
ver você derretendo.
- inteligente de sua parte, mas do que adianta me matar, sou
algo além da compreensão humana.
La vamos nos, o garotinho está se fazendo melodramático e
que tem uma inteligência além da compreensão humana, inteligente mas nada com o
que já enfrentei antes. Blade ao meu lado estava pronto para se algo desse
errado, uma pistola 380 estava bem guardada em seu bolso. Cruzei as mãos e me
inclinei para frente para olhar mais de perto.
- me diga, você já nasceu com essas frases de efeito?
- desde o meu nascimento já sabia do meu propósito, de
porque estou aqui neste mundo.
, salvar a humanidade, ela já descobriu muito, mais do que
já poderia.
- e seus pais humanos aprovaram essa ideia?
- nunca tive pais humanos, nasci do fogo do inferno e sai
dele para ser jogado nesse mundo miserável.
- viver então em um orfanato é algo normal para vocês, deve
ser triste, crescer assim aos poucos sabendo que vai ter que destruir o mundo,
vendo outras crenças crescerem e você não.
- nossa forma deve sempre se prender a essa criança, para só
assim um dia sermos revelados.
- você disse que nunca saiu então do orfanato?
O garoto ficou quieto por um instante depois olhou para baixo,
estava interrogando a pessoa errada, este que estava a minha frente era só um
discípulo, a divindade estava em outro lugar, mandei então blade chamar o
padre, este que veio de bom grado, pegou e cadeira de balde e sentou-se ao lado
do garoto, dando um sorriso de conforto e dizendo que tudo ira acabar bem.
- padre, alguma vez já fugiu alguma criança de seu orfanato?
- certamente, algumas vezes uma criança em seus primeiros
dias se sente com medo, não está acostumada estar em um lugar totalmente novo
que a faz querer se sentir confortável, isto vem das vivencias que veio com a
família ou com a vida que tinha na rua.
- o senhor alguma vez já perdeu alguma, não conseguiu achá-la
de volta?
- senhor, tenho 30 anos que trabalho neste orfanato e isto
nunca me aconteceu.
- pode me dizer porque o garoto foi achado no meio da mata
encharcado se sangue?
- não sei responder esta pergunta, só que sei é que ele
aproveitou que estavam abrindo o portão para alguns visitantes saírem e ele
deve ter aproveitado para fugir, descuido meu.
- o senhor alguma vez já ouviu falar do projeto Noé?
- está lenda? claro.... Um grupo maluco que faz crianças
geneticamente modificadas que servem de bombas humanas para seus fins
religiosos.
- o senhor já teve alguma relação com esse grupo?
- o senhor está ensinando algo? sou um homem de deus,
protejo essas crianças.
O pequeno padre mostrou então um sinal de fraqueza quando
fiz essa pergunta, um pequeno filete de suor passou pela sua testa, seus olhos
se dilataram por um segundo mostrando que estava interessado por alguma palavra
que falei. O garoto ao lado começou a ficar com uma cara de medo enquanto
olhava para baixo.
- acabamos de revistar o seu orfanato padre, não vai gostar
do que achamos lá dentro.
- como você ousa ir em um lugar de deus seu miserável, ira
queimar por isso- disse o padre, ficando vermelho, com raiva.
- eu já queimei padre.
- haaaaaaaaaa
Em um piscar de olhos o padre pulou em cima de mim, não
estava esperando por aquilo, de alguma forma desconhecida ele tinha uma faca
pequena em sua mão, pulou da cadeira em minha direção como se fosse um rato
fugindo de um gato, cai no chão com ele em cima de mim enquanto blade rapidamente
se levantava e o pegava por trás, conseguiu jogar para trás, blade sacou a
pistola e apontou para ele.
- fique calmo solte a faca agora- disse calmamente.
- vocês nunca irão entender, essas crianças são a chave para
a paz novamente o mundo, só assim iremos ter a paz que estamos destinados a ter
!!!!
- abaixe a faca agora.
Não deu tempo para mais um aviso, todos nós sabíamos o que
iria acontecer, só estávamos ganhando tempo com a esperança de que o padre não
fizesse essa loucura, como todos são. Somos todos loucos, sejam pelas nossas
ideias ou por nossos desejos mais sombrios, no final é só uma questão de tempo
para nos ficarmos loucos e soltar isso no mundo, o mais incrível é que mesmo
com tanta informação sempre tem pessoas que o seguem, seguem essa loucura
desenfreada que assola a humanidade a milênios. Ninguém liga e nunca vão ligar,
estão acomodados demais com promessas falsas. O padre com um movimento rápido
com a faca corta a sua garganta, seus olhos se movendo ao vazio, é a última
coisa que vê antes dele cair no chão espalhando sangue para todos os lados.
- caso encerrado... – disse o entrevistador.
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